Já há algum tempo nossa seleção não é a mesma de períodos passados, época onde inegavelmente eramos o referencial de jogo bonito, envolvente e para cima. Até hoje ainda temos essa alcunha de sermos o país do futebol. No entanto, os tempos mudaram, o futebol evoluiu fisicamente e também na parte tática. Então se não trabalharmos algumas questões nesse aspecto, poderemos decair pouco a pouco, perdendo espaço para outras potencias disciplinadas, que primam pela organização e entrega dentro de campo.
Hoje em dia num jogo de alto nível, se você deseja realmente ganhar, precisa também marcar, precisa saber recuperar a bola. Para isso é necessário que os homens de frente também auxiliem na marcação, e é aí que estamos deixando a desejar, visto que nossos jogadores ofensivos desde a base são "aculturados" a apenas desempenharem sua função com a bola nos pés. Assim, acabam se tornando profissionais preguiçosos nesse sentido, jogam dando "migué"na marcação, sempre deixando o adversário trabalhar a bola na defesa ou na intermediária com a mãozinha na cintura (posições onde um roubo de bola é meio gol).
Outra questão que deve ser alterada aqui no Brasil, é a do volante apenas "marcar", e do zagueiro apenas saber desarmar. Tá mais do que claro que no futebol atual, tão corrido e apertado, os volantes precisam ter uma boa capacidade técnica pra desafogar o time com uma longa virada de jogo, trabalhando essa bola com calma e chegando de trás como elemento surpresa, até pra dar um suporte aos meias. Os zagueiros, por sua vez, necessitam de uma condição no mínimo aceitável para saber se virar quando pressionados.
Incrível como só agora após a derrota do Santos, na final do Mundial de clubes, no Japão, fomos ver a mídia dando a real atenção a essas questões, buscando detectar os segredos do Barcelona. Como que o time da Catalunha só tivesse surgido para o futebol após essa partida. Isso chega a ser cômico de tão patético. Afinal, o Barcelona já vem deixando gigantes do futebol Europeu à ver navios tem tempo.
Essas características de marcação pressão, compactando as linhas de jogo e tirando em cima, são marcantes na equipe de Messi. Se pararmos pra analisar com calma, podemos observar quando necessário, eles voltando, recompondo o meio campo, auxiliando os laterais na proteção dos lados do campo, com um senso coletivo de dar gosto.
Vocês ão de me perguntar: "Ué, mas porque nossos jogadores não fazem isso, se o melhor do mundo faz e vários outros craques não só do Barça, como também de outros equipes de ponta na Europa fazem?"
A resposta é: por que nossos craques além de serem naturalmente endeusados pela mídia, também possuem essa deficiência de não ajudar na marcação, e isso, como citei anteriormente, vem desde as categorias de base, as "estrelas" são mal acostumadas a atuar só com a bola nos pés e muitas vezes até de maneira extremamente individualista, se achando um novo Pelé, até porque são comparados prematuramente à astros do mundo da bola, o que gera muito deslumbramento e oscilação nas atuações destes.
Enquanto tivermos essa mentalidade egoísta e fútil, de só saber jogar com a pelota nos pés, sem senso coletivo e entrega na marcação, teremos grande possibilidade de ver em próprio solo Brasileiro uma nova perda de título mundial, e dessa vez sem nem ao menos chegar numa final.
Por: Hugo Fernandes
Email: victorhugo_fo@hotmail.com
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