Por: Ericleiton dos Anjos
Jornal Plural- Que importância teve a Avenida Prudente de Morais para
esse desenvolvimento, já que ela liga o Satélite com o bairro nobre da
Candelária .
Completando 30 anos de existência, o
conjunto Cidade Satélite é considerado um dos
maiores conjuntos habitacionais da América.
Avenida dos
Xavantes , a principal via de acesso ao conjunto Foto: Ericleiton Dos Anjos
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Em 1983, nascia o conjunto residencial Cidade Satélite,
com três etapas construídas, totalizando um número de 3.545 residências e sendo
considerado o maior conjunto erguido da América Latina. O Conjunto foi
projetado pelo arquiteto pernambucano Acácio Borsoi, a Cidade Satélite vem
adquirindo maior destaque no cenário local, devido ao crescimento veloz da
construção civil na região metropolitana. Apesar
da comemoração já iniciada, o aniversário oficial das três décadas do conjunto
será em 2013.
As origens do conjunto Cidade Satélite
Pouco se tem de história
registrada sobre os bairros de Natal, porém, em Maio de 2010 , a prefeitura da
cidade lançou um livro documentário, intitulado “Memória Minha Comunidade,
Cidade Satélite ”de autoria do projeto de mesmo nome, este foi o primeiro
exemplar de uma série de livros falando sobre as comunidades da capital
potiguar.
Segundo relato do livro, as antigas datas
sesmarias de 1706, relatando de terras cujo os nomes eram “Gorapes” (Guarapes),
“Carnaubinhas” e “Potumbu” (Pitimbu) de localizada no chamado Vale do Pitimbu,
que depois passaria a ser propriedade de Antonio de Araújo e Souza durante o
período colonial (o pedido de doação foi feito diretamente ao rei da época, Pedro
II), seria o local onde hoje se encontra o conjunto Cidade Satélite. Durante longos anos as terras
passam de mão em mão (mais detalhes no livro) até chegarem aos domínios dos
irmãos Machados, Claudio e Manuel, ambos portugueses, em 1920. A valorização da
região ocorreu no momento que o francês Paul Vachet chegou a Natal em busca de
um local para pousar aviões de uma companhia, sendo escolhida a área dentro das
terras da família Machado e onde surgiu o campo de pouso de Parnarmirim.
Projetada em 1976 pelo
arquiteto Acácio Gil Borsoi , a Cidade satélite Foi entregue ao INOCOOP (Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais)
no governo José Agripino Maia (1982-1986) como conjunto habitacional de classe
média. Localizado no bairro do Pitimbu,foi dividido em três etapas. Na
Etapa I, as ruas recebem nomes de serras
brasileiras e pássaros (foi entregue no ano de 1982 com 1666 residências). Na
Etapa II, as ruas recebem nomes de rios (entregue em 1983 com 724 casas). Na
Etapa III, as ruas recebem nomes de árvores brasileiras (também entregue em 1983 com 1155
casas). O nome Cidade Satélite foi dado por Rosário Porpino, superintendente do
Inocoop. Em uma entrevista na imprensa de Natal ela conta que iria construir
uma “cidade satélite” modelo, mas a imprensa achou que fosse o nome do conjunto
e daí foi batizada. A maioria dos mutuários era de funcionários públicos que
haviam se inscrito na cooperativa e foram sorteados para os vários tipos de
casas oferecidas. As prestações eram pagas por meio de carnês todos os meses.
Segundo relatos de moradores, o processo era longo e minucioso, visto que o
financiamento duraria 25 anos e as prestações não estavam ao alcance de todos. Nas
primeiras décadas o conjunto recebeu o apelido de “dormitório’’ porque muitos
moradores apenas dormiam lá, em virtude da distância do centro ubarno.
Fonte: Memória Minha Comunidade,
edição nª 1.
O desenvolvimento tardio e a
aproximação da capital
A distância do centro e de outras
importantes localidades da cidade de Natal fez com que o desenvolvimento do Pitimbu fosse
praticamente nulo até os primeiros anos do século XXI. Os moradores dos demais bairros da cidade achavam a
região do conjunto Cidade Satélite muito distante. Reclamava-se também da infraestrutura
de comércios e serviços, algo que era praticamente inexistente no local até bem
pouco tempo. Morar no bairro era o mesmo que se isolar da realidade da cidade,
trazendo lembranças das típicas cidades do interior.
Avenida Prudente
de Moraes , via responsável por liga o Bairro do Pitimbu ao Natal Foto Ericleiton
Dos Anjos
|
Para melhorar o acesso ao
conjunto, na década de 90, foi construído um trecho que liga a Integração (no
bairro Candelária) e Avenida dos Xavantes (no bairro Pitimbu), sendo esta, uma
extensão da Avenida Prudente de Morais. Esta parte da pista recebeu o nome de prefeito
Omar O'Grady, em homenagem ao ex-chefe do executivo municipal nos anos de 1924 a 1930. O prolongamento desta linha é a única
obra de mobilidade urbana que já saiu do papel em Natal visando a copa de 2014.
Segundo Anízio Lúcio, presidente da AMOCISA (Associação de Moradores do
Conjunto Habitacional Cidade Satélite) o prolongamento da Prudente de Morais é
uma obra que irá beneficiar não só o Satélite, mas como também toda cidade do Natal,
e que o simples fato ter sua extensão passando pelo Pitimbu mudou a história do
conjunto. “Abriu espaço para a valorização, antes se pagava para morar aqui,
hoje recebemos proposto por cada metro quadrado” – Afirma o presidente. Anízio
ainda chamou atenção para o desenvolvimento do local como um todo, “a Cidade
Satélite deixou de ser um dormitório, hoje se trabalha e vive aqui, pois as
pessoas passaram a conviver de verdade no conjunto”. Segundo ele, hoje o bairro
oferece todos os recursos que as outras regiões de Natal têm para disponibilizar.
“Daqui a pouco seremos igual à Candelária”, brincou o presidente da AMOCISA,
que ainda alertou “com o crescimento e desenvolvimento da cidade Satélite,
também cresceu os problemas, como a criminalidade na região, preço pago por
quem quer crescer hoje em dia, afinal nenhuma cidade do Brasil ou do mundo está
livre dessa realidade”. Ele afirmou que acabou aquele velho paradigma de que o
Conjunto habitacional parecia não pertencer a capital, “hoje somos ligados a
Natal através de importantes avenidas e também do cotidiano. O que tem lá, tem
aqui. O crescimento da cidade passa por aqui”. Segundo dados do Censo 2000 a população do bairro é composta
por aproximadamente 46,51% homens e
53,49% de mulheres, predominantemente de jovens e adultos jovens [25-40 anos].
99,25% da população vivem em casas os 0,75 restantes moram em apartamentos
(0,30%), cômodos (0,32%) e residências improvisadas ou coletivas (0,13%). A
média de moradores por domicílio é de 4.04 pessoas. 85% dos responsáveis por
domicílios possuem mais de oito anos de educação a maioria possuem entre 11 e
14 anos de instrução. A taxa de alfabetização está em 95,68%.
Um caso de amor construído há 30 anos
Entrevista com o jornalista
Rosinaldo Vieira Lima, um dos fundadores do Conjunto Cidade Satélite
e idealizador do Jornal consenso Comunitário (periódico que circulou no
conjunto entre julho de 1993 á outubro
de 1997). Rosinaldo também é diretor de comunicação da AMOCISA .
Rosinaldo Vieira por Rosinaldo
Meu
nome é Rosinaldo Vieira Lima. Sou natural da cidade de Natal, no Rio Grande do
Norte, nascido em 7 de abril de 1970, portanto com 42 anos de idade.
Sempre
em toda a minha vida o jornalismo esteve presente e esta sempre foi e sempre
será a minha área de atuação profissional.
Depois
de concluir os estudos sempre em escolas públicas como Felizardo Moura
(Quintas), onde fiz o primário, Escola Técnica de Comércio (Ribeira) e Djalma
Aranha Marinho (Cidade Satélite), onde fiz do quinto ao oitavo ano e na Escola
Winston Churchill, onde fiz no primeiro ao terceiro ano do segundo grau, passei
para o vestibular de jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN), onde estudei de 1991 a 1995.
Como
profissional de jornalismo atuei nas
editorias de polícia e cidades no Diário de Natal, de polícia, cidades e
cultural no JH Primeira Edição. Também escrevia as entrevistas especiais do Jm
dos cornal Podium, do colunista social Toinho Silveira, além de ter sido o assessor
de imprensa do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI - RN) e da
Associação de Moradores da Cidade Satélite (AMOCISA)
Também
fui um dos fundadores do Jornal Consenso Comunitário, que circulou no bairro
Pitimbu, do Jornal O Extremoz, da cidade de Extremoz - RN, do site www.fuzuern.com.br, que divulga a programação
cultural e esportiva do Rio Grande do Norte, da Revista Vitrine, do Jornal da
Amocisa e atualmente trabalho na assessoria de imprensa da Prefeitura do Natal.
Atualmente
moro na terceira etapa do conjunto habitacional Cidade Satélite,no bairro
Pitimbu, há 30 anos, sendo um dos fundadores desta comunidade.
Revista Plural - Gostaria de saber quanto tempo você tem de
Satélite, e que momentos foram marcantes nessa trajetória de vida lá?
Moro na Cidade Satélite há 30 anos. Sou um
dos fundadores da comunidade. Um dos momentos mais marcantes que tive a
oportunidade de viver aqui foi quando produzi na Cidade Satélite o jornal
Consenso Comunitário, que era distribuído gratuitamente de casa em casa. Também
participei por quatro anos de um grupo de jovens da Igreja católica de São
Francisco de Assis e também colaborei na fundação do Movimento Pró-Pitimbu,
formado por vários moradores da Cidade Satélite, que lutavam pela defesa do Rio
Pitimbu, que atravessa a Cidade Satélite e segue até a lagoa do Jiqui, onde de
lá é distribuído para o abastecimento de água de cerca de 30% da população de
Natal.
Revista Plural - Sobre os primeiros anos do Conjunto, de onde
veio a escolha do nome Satélite? Sobre os critérios para a nomeação das ruas,
porque usar Rios, Serras, Pássaros e Árvores, ao invés dos tradicionais nomes
de políticos?
O nome da Cidade Satélite foi dado por
Rosário Porpino, superintendente do Inocoop, empresa responsável pela venda e construção
do conjunto à época de sua construção. Em uma entrevista na imprensa de Natal
ela disse que iria construir uma cidade satélite, modelo, mas a imprensa achou
que fosse o nome do conjunto e daí pegou e ficou Cidade Satélite. Os nomes das
ruas como rios, árvores, serras e pássaros foram escolhidos pela Rosário
Porpino, que pesquisou em livros e em viagens que fez na Amazônia.
Jornal Plural- Sobre o desenvolvimento do Conjunto, por que
a Cidade Satélite é considerada uma cidade dentro de outra? Aquela mística de
que quem for morar aí vai viver isolado do resto do mundo, mudou?
De certa forma não, pois a Cidade
Satélite cresceu muito nos últimos 30 anos, não em tamanho, mas em estrutura de
comércios, condomínios de casas e de prédios residenciais. Mas ainda continua
sendo considerado um conjunto dormitório em que as pessoas saem de manhã para
trabalhar, passam o dia fora e só voltam à noite para dormir.
Rosinaldo Vieira Lima ao ler o livro Memória minha Comunidade
Foto: Ericleiton dos Anjos
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Foi muito importante para comunidade, pois
estreitou caminhos entre a Cidade Satélite e os demais locais de Natal, pois
antes desta obra se tinha que fazer uma volta grande pela BR 101 e agora com o
prolongamento da Prudente de Morais se vai direto.
Jornal Plural- O prolongamento da Prudente (omar o'grady) é a
única obra de mobilidade urbana que já saiu do papel. O que essa obra vai
representar para a comunidade e para o resto de Natal?
Da mesma forma que ocorreu com a primeira
fase do prolongamento da Prudente de Morais, que se estendeu até seu entroncamento
com a avenida dos Xavantes, na Cidade Satélite. Desta vez, a segunda etapa da
obra se estenderá até o BR 101, próximo a entrada para o Aeroporto
Internacional Augusto Severo e, como da primeira vez, também vai encurtar
distâncias entre Natal e Parnamirim.
Crônica – Uma cidade em harmonia com a
natureza
Por: Otávio Camilo
Era um fim de tarde maravilhoso, de
um céu tranquilo e estrelado. A brisa fagueira, vinda dos pequenos montes, batia
leve em meu rosto e entrava nos meus ouvidos como uma música macia; cantavam
alegres os seres alados. O solo era carregado de cheiros que pareciam de um
imenso jardim que era a terra inteira. Meus olhos luziam de regozijo, como uma
árvore seca que reverdece com as primeiras chuvas de inverno. Uma onda de
ternura envolveu-me naquele momento. Enfim encontrei ocasião para te conceder
uma homenagem. Chegaste aos trinta. Sempre pareceram tão distantes, e agora
inseridos em ti. Mas quem sou eu para descrevê-lo? Permitirei que te
apresente...
Sou um bairro admirável e considerado
o maior conjunto habitacional de um continente. Concebido por mãos graciosas e
pela criação divina. Airoso, colossal e acolhedor. As minhas ruas guardam
horas, dias e sonhos. Fui crescendo depressa, analogamente ao devaneio que se
confunde com a realidade. Os moradores vinham de qualquer lugar; davam vida as
minhas veredas. Construíram fantasias, edificaram desejos e em meus domínios
ergueram suas casas para morar. Um mundo inteiro situado no coração de uma
reles província.
As minhas ruas são contempladas pelo afável aroma
da natureza. Caem flores, desabrochando. Os pássaros voam livres sobre as plantas;
gorjeiam felizes em direção ao crepúsculo. As árvores são as fontes da vida;
estão fincadas nos prédios, lares e canteiros. De suas folhas brotam o mais
puro ar, sombras que acomodam na alvorada e doces frutos que nascem nos galhos
despidos do outono. A fauna e a flora, em mim, são eternas como as pedras
cravadas no chão.
Pelas adjacências da minha relva, um
portentoso rio nasce sereno, manso e cristalino. Elevou-se forte, valente e
robusto. Atravessa com garbo todos os logradouros e alamedas do meu vasto
território. Seu leito é perene e sossegado. A neblina chega de mansinho e os
dias ensolarados aquecem o seu curso. Transborda o meu Pitimbu.
No horizonte, cercam-me as imponentes serras, de onde eu
posso contemplar o pôr do sol. Singelos versos são guardados por
aquelas imagens. Delas podemos medir as estrelas, apreciar de perto o formoso
astro que rege as marés e fitar as águas torrenciais quando são apenas fontes.
Dos terrenos acidentados é que surge a minha quietude. As vozes humanas
acometem o meu silêncio, deslizam como o vento e são recitadas como poesia sob
a luz do firmamento.
Me
desenvolvi de repente e o meu futuro começou a mudar. Observem que hoje sou
diferente de qualquer outro bairro de Natal. Sou a terra da humildade e dos
privilegiados. Possuo hospitais municipais, centros de ensino e avenidas
suntuosas. Da Abreu e Lima aos Caiapós, da Xavantes ao Planalto... Tudo em mim
é majestoso.
Sou
especial e único, sem as pessoas, porém, eu não seria ninguém; um jardim
florido sem alma. Acomodo todas as raças e credos, ricos e pobres, bons e maus;
pois essa é a minha vocação. O meu nome jamais será esquecido. Para quem não me
conhece, permitam-me as formalidades da apresentação: muito prazer, eu sou a
Cidade Satélite. Trinta anos! Que venham mais!
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