Ontem (9), o Atlético de Madrid conquistou o titulo da Liga Europa, ao derrotar o também espanhol Atlético de Bilbao, por um acachapante 3 a 0. O jogo foi disputado em Bucareste, capital da Romênia.
Esse confronto já extrapola os limites do campo de jogo, em sua essência, na sua secular rivalidade, e por aspectos completamente distintos dá mera prática esportiva. Os dois atléticos já foram co-irmãos, unidos por estreitas ligações. O “xará” da capital foi fundado por jovens bascos que decidiram estabelecer uma filial de seu clube, na Cidade de Madrid.
Todos imaginavam que essa final seria pautada pelo equilíbrio, devido à bela campanha que ambos fizeram ao longo da competição. Entretanto, essa expectativa não seria refletida em campo.
O time da capital tomou a iniciativa da partida e rapidamente abriu o placar, gol do “mister Liga Europa”, Falcão Garcia, que foi o artilheiro das duas últimas edições do certame. Diante da adversidade, o clube basco saiu em busca do empate, porém, de maneira atabalhoada, não demonstrando o grande futebol que encantou a todos, e sem sequer oferecer algum risco ao goleiro adversário. Outro destaque da decisão foi a bela atuação do meia Diego, que estava um pouco desaparecido do grande público, mas que foi fundamental na conquista dos comandados do argentino Simeone.
Acredito que essa final também mereça outro tipo de análise, outra ótica, que não seja a simples visão do jogo em si. De um lado estavam os primos pobres de uma cidade, completamente ofuscados, sofridos, e em minoria. Clube preterido diante da sensatez daqueles que, obviamente, escolheram o primo rico e poderoso para torcer.
Do outro lado do campo, estava um time que representa uma idéia e toda a cultura de um povo. Diante da opressão franquista, o clube basco decidiu reagir da maneira mais extremista do nacionalismo: aceitar no seu elenco apenas jogadores da própria região. Para os detratores, essa prática remete ao preconceito. Para os admiradores, representa a luta e a identidade de um povo. Talvez por todos esses fatores, a dor da perda se transforme em algo muito maior, e as lágrimas dos jogadores ao término da partida foram provas cabais disso.
Devo imaginar como é difícil torcer por um pequeno e médio clube da Espanha. Mesmo nesse momento de felicidade, me solidarizo com esses verdadeiros desafortunados, pois não é fácil aceitar a idéia de que os “todos poderosos” Real Madrid e Barcelona, arrecadem mais do que todos os outros clubes da liga espanhola, juntos.
Aconselho a todos esses torcedores do Atlético de Madrid, que curtam ao máximo essa conquista, tal qual um empregado que espera para comer as sobras da mesa do patrão, pois esse momento de glória logo chegará ao fim.



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