terça-feira, 24 de julho de 2012

Obsessão dourada


Nesta quarta feira (25), começa mais uma arrancada para a conquista do único título que falta ao futebol brasileiro, a Olimpíada. O time que é comandado por Mano Menezes e conduzido pelo talento de Neymar será capaz de por um fim nessa maldição que nos foi imposta?
Cinco Copas do mundo, três Copas das confederações e oito troféus sul-americanos. Histórico recheado de sucessos, sem arestas e que revela a nossa excelência nos gramados. Ou será que não? Mesmo coberto de glórias, o nosso Futebol é atormentado por um malfazejo porém, os jogos olímpicos. Por que nunca vencemos? As desculpas são as mais variadas, mas não ameniza o nosso desejo, a busca incessante, uma verdadeira obsessão pelo lugar mais alto do pódio.
Antes de qualquer abordagem poética, quero registrar o meu espanto com esse Futebol olímpico. Que competição esquisita! Parece um peixe fora do grande oceano; começa antes do que realmente interessa, estréia antes da abertura. Notória contradição, mas que perseguimos deveras.
Talento, craques... Favoritismo. A cada ciclo olímpico, as etapas e os nossos sentimentos se sucedem da mesma maneira. O resultado, para nossa infelicidade, também é determinado pelo primor da obviedade. Vamos da esperança desmedida a um desalento angustiante. Nossa eufórica convicção da vitória, transforma-se na depressão revoltosa dos derrotados.
               Ah ouro cruel! Tu brilhas mais do que tudo no mundo, sua resplandecência, porém, só vimos de longe, pois jamais conseguimos alcançá-la. És valioso e pesado como nenhum outro, principalmente para aqueles que não suportam tua magnitude. Metal dos ricos, honra dedicada aos virtuosos, e digno fracasso dos tolos. Bendita medalha!
               Bronze e prata já ganhamos, mas a eles não dedicamos qualquer valor. Queremos mesmo é o ouro. Pobre de nós! Nunca fizemos uma preparação adequada, adversários valorosos se obstaculizam em nosso caminho, nossos heróis se omitem em momentos decisivos... Nada disso importa! Somos vitimados por uma singularidade que nos é intrínseca. O brasileiro e sua arrogância futebolística. Voltemos à obsessão.
              Obcecados hoje, destruídos ou glorificados seremos amanha. Trilharemos um caminho pautado pelo talento de jovens, e sobressaltados pela nostalgia do dissabor. Já fomos envolvidos em uma cortina de ferro, sucumbimos diante de eternos rivais, falhamos no apogeu de um gol de ouro, e até perdemos no embalo do ritmo de Carmem Miranda. Derrotados à brasileira!   
               Obsessão incurável, que o tempo não alivia. Não saciaremos a nossa insanidade, senão obtivermos a exaltação do triunfo. Tanta obsessão nada consegue, pouco enxerga. Brilho cintilante que enche-nos de esperança e nos cega. Obsessão que aflige, que impulsiona. Uma obsessão dourada!
               Mais uma vez o aclamado Futebol brasileiro tentará acabar com uma sina que já perdura por longos anos. Jogaremos com a possibilidade de desmistificar uma fama indesejada e a síndrome do amarelismo. Seremos campeões dessa vez? Façam suas apostas!

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