Ontem (29), O Real Madrid conquistou
a primeira vitória e o primeiro troféu da temporada, a Supertaça Espanhola, ao
vencer em casa o rival Barcelona por 2 a 1. Entretanto, o destaque da semana não
ficou por conta do título merengue, mas pelas declarações de Mourinho,
principalmente no assunto que se refere à permanência do brasileiro Kaká. Além disso,
o português se auto-proclamou “o único”, apelido que exige da imprensa, em uma clara demonstração de empáfia.
Quão grandes seriam certos homens, se não fossem tão soberbos.
Os religiosos afirmam que a arrogância é um pecado mortal. E como poderia ser? Estamos
diante de um dilema moral tão antigo quanto à criação do próprio mundo: como é
possível ser inaceitável algo que está gravado em nossa alma?
Não se explica o que é de nossa natureza evidente. A paixão do
poder é a mais forte de todas; dai ela a qualquer ser humano e verás do que ele
realmente é capaz. Não são as flores cheirosas e sãs das virtudes que movem a sociedade;
a força motriz da nossa existência se converte na fétida obscuridade da ganância.
A realidade da vida não exclui o universo paralelo das quatro
linhas. O capitalismo nos envolveu numa cortina de alienação, e nossa paixão transformou-se
em pó. Um grãozinho de amor no meio de um deserto de ambição.
Nenhum outro personagem no Futebol pode representar com tanta fidedignidade o
abismo nebuloso da mais subjetiva das artes. Falemos de um tal Mourinho...
O Deus dos treinadores! Que outra comparação soaria mais
presunçosa? É assim glorificado por muitos e por ele mesmo. Se isso é verdade, então
diria que a beira do gramado é o seu olimpo. É Zeus, Apolo, ou qualquer outro
soberano divino. Talvez seja Hermes, aquele que trazia mensagens de ruína para
os seres. Os jogadores são meros mortais, a quem ele ordena com sabedoria e
altivez. Os jornalistas não passam de insetos, fulminados com os raios da intolerância
que saem dos seus olhos.
Um orgulhoso lusitano que possui toda a magnificência de um general
romano. Deleitado sobre a sombra dos triunfos dos campos; mergulhado no mar
eterno da vaidade, e a ela conjuga, como a nenhuma outra sensação. Os louros são
dignos somente a ti; os soldados, pobres e infaustos, que te honrem com a reverência.
Ah Mourinho, ficas-te como Prometeu, acorrentado ao rochedo
de tua frivolidade, da tua indiferença, e por mais que a águia da humildade
venha arrancá-la de você, serás eterno prisioneiro dela. Diferentemente do
personagem mitológico, que foi amigo da humanidade, a ufania que carrega em
si é como uma carcoma, e jamais te concedeu a fraternidade. Esse sentimento será
sempre o seu pior algoz.
Eis que surge a dúvida cruel de Hamlet: dobrar-se a fortuna,
ou lutar com ela e subjugá-la? O Mourinho é apenas um exemplo personificado de
nossos desejos. Todos nós usamos personas e atuamos nos palcos do cotidiano. Como
ousamos cobrar alguma sandice de alguém que vive num concerto de louvores e admirações?
Agredimos o nosso próprio reflexo. Somos os culpados! Colocando-o no patamar em
que se encontra. Fraternos no orgulho.
Vede o legado de nossa miséria. José Lins do Rego definiria
os princípios humanos tal qual um velho engenho, que nada mais produz; um fogo
morto. Essa mesma chama que foi o símbolo da benevolência de Prometeu, e que
hoje arde como nossa sina. Adoramos o frívolo e os vaidosos. Afortunados são
aqueles que são merecedores de uma bela mensagem. Malditos sejam os arautos da
arrogância!
POR: Otávio
Camilo
Assim como um jogador, um técnico não é valorizado pelo temperamento e sim por sua competência. Cada um sabe o que passou na sua vida, cada um sabe o peso que carrega em suas costas, cada um sabe as consequências de suas escolhas. Na minha opinião, melhor ser uma pessoa azeda com suas próprias convicções do que ser um hipócrita esbanjando simpatia.
ResponderExcluiracho ele um grande técnico mas é como vc flw otávio, geralmente quem chega nesse posto vira algo do tipo, como aquele ditado "quer conhecer uma pessoa dê poder a ele", e a maioria das pessoas vão ser um Mourinho da vida... nao sabia dessa q ele pede pra ser chamado de "o único", quanto impáfia hein??? vou tentar ser mais presente aki, abraços Danilo da comu PVC!!
ResponderExcluirValeu pelo comentário, Danilo. Grande abraço!
ExcluirUm grande treinador, mas é como foi dito, se acha um deus, sabe que tem grande capacidade e treina os melhores clubes do mundo, e é aí que ele perde a linha, acaba se achando demais, toma atitudes as vezes ridículas, se envolve em polêmicas por besteiras, principalmente quando perde, todo grande atleta tem que saber perder tambem pra não apagar seu brilho, e quando ganhar o grande o campeão tem que saber se comportar como um verdadeiro "campeão". Pra ficar na história como um dos grandes campeões, um atleta tem que se comportar como uma grande pessoa, é assim que se conquista uma massa de fãs, é feio ver um treinador se auto-titulando como melhor do mundo, enquanto outros menos azedos recebem esse título mãos do mundo inteiro.
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