Um ídolo eterno.

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               No dia 1ª de Maio, do ano de 1994, o Brasil parou e se postou em lágrimas ao receber a pior notícia da história do nosso esporte, o falecimento de Ayrton Senna da Silva. Esse trágico fato ocorreu no Grand Prêmio de Ímola (Itália), na inesquecível curva Tamburello, de tristes recordações para todos os amantes de automobilismo e fãs do piloto.

Conta-se que os deuses da Grécia antiga temiam os seres humanos, pois acreditavam que se encontrássemos o nosso verdadeiro potencial (que estava guardado dentro de nós mesmos), poderíamos superá-los. Se isso é verdade, é possível que um simples mortal possa ser comparado a um Deus?

Carisma, pureza, espírito de vencedor e reverência de todos. Que outras características podem ser tão divinas quanto essas? E quem nesse mundo pôde unir de forma tão sublime tais atributos?

A resposta é muito simples e vem daquele que, em seu óbito, pintou o país com o preto do luto, e criou verdadeiros rios de prantos nos corações dos milhões que choraram a sua partida.

A morte! Como essa que é a única certeza da vida pôde ser tão cruel conosco? Como ela se atreveu a levar uma das nossas maiores alegrias?

Fonte:veja.abril.com.br

Como fomos felizes com ele. Como transbordávamos de felicidade ao acordar numa insossa manhã de domingo e ter o privilégio de vê-lo atuar. Éramos seus co-pilotos, suas conquistas eram nossas e seu sobrenome virou do Brasil.

Dentro das pistas ele foi príncipe, foi rei e tornou-se lenda. Desafiou o tempo e o espaço. Bateu recordes a toda nova corrida. Criou marcas, metas, foi odiado e rival para Prost nenhum botar defeito. 

Fez da velocidade a sua glória e sua sina. Foi veloz nas pistas, nas entrevistas, nos relacionamentos e até na morte. Partiu desse mundo sem deixar herdeiros, mas abandonando milhares de órfãos.

Ayrton Senna foi um Deus, sim. O nosso, pelo menos. Disso não abrimos mão! Transformou um esporte maçante e elitista em uma paixão nacional. Foi um estranho fenômeno da natureza, capaz de irradiar enorme felicidade, mesmo sem possuí-la.

Fonte:theformula1.wordpress.com

Foi um perfeito paradoxo, a contradição personificada. Mesmo coberto de glórias, fazia do momento um contraste com seus olhos tristes e profundos, que deixavam transparecer a melancolia de sua alma.

 Como fostes colossal, Ayrton Senna! Fizeste de tuas frases nossos mandamentos, compartilhou suas conquistas, e fez de você mesmo um exemplo de talento e inspiração.

Diante do que foi a vida desse herói romanesco, estou cada vez mais convicto de que a morte também possui suas particularidades: para meros mortais, ela significa uma tragédia, o fim de tudo. Para os mitos, ela representa apenas o caminho para a idolatria eterna.

             Talvez o destino tenha se mostrado generoso. Se a morte é um fato concreto da qual não poderemos escapar, como transformá-la em algo glorioso?

Fonte:superspeedway.com.br

               Senna morreu exercendo sua principal atividade, em pleno combate, sendo transmitido para milhares de pessoas no mundo todo, estas mesmas que o consideravam imortal. Todas foram testemunhas ao vivo, do momento em que o grande campeão passava para o limiar de um simples humano. Contudo, neste caso a morte não tira o valor da glória, mas pelo contrário, acaba divinizando-a.

               Que esse dia não seja de luto, mas sim de nostalgia. Lembremos dos belos momentos do piloto Ayrton Senna, do emocionante tema da vitória, sempre cantado em alto e bom som nos seus triunfos. E que saibamos sempre: a morte é um fato, mas o nome e as obras repercutem por toda a eternidade. Saudemos aquele que mais simbolizou essa teoria. Ayrton, Ayrton, Ayrton Senna do BRASIL!

“Convivo com o medo de morrer e ele me fascina”
(Ayrton Senna)