Apontada como uma das três favoritas
para vencer a edição desse ano da Eurocopa, ao lado de Alemanha e Espanha, a
Holanda decepcionou mais uma vez e foi eliminada precocemente da competição ao
perder de 2 a 1 para Portugal, que foi um dos classificados do grupo B para as
quartas de final. A outra classificada do chamado “grupo da morte” foi à seleção
alemã, que superou os dinamarqueses.
Holanda, um dos denominados países baixos da
Europa, pelo fato de estar situada abaixo do nível do mar. País minúsculo, que
caberia em qualquer um de nossos estados. Terra da libertinagem e do
liberalismo, onde muitos o procuram para saciar certos prazeres proibidos por
uma sociedade convencional.
No futebol, o seu contraste é evidente. Apesar
de sua pequena extensão territorial e, conseqüentemente, curta população, consegue
sempre figurar entre as grandes potências desse esporte, já tendo formado verdadeiros esquadrões, que
sempre são lembrados ao longo da história.
Johan Cruiff, Van Basten, Gullit, Rijkaard e Bergkamp. Esses são os líderes das maiores gerações
que foram formadas pelo futebol holandês, mas são apenas alguns nomes entre
vários craques que já vestiram a tradicional camisa laranja.
Futebol pautado
pelo talento e pela técnica. Futebol que definiu filosofias de jogo, impôs revoluções
táticas e nos brindou com a excelência. No entanto, apesar de toda essa
qualidade no futebol, por que a Holanda sempre fracassa nos momentos decisivos?
Por que não consegue converter sua qualidade em conquistas relevantes?
Esse questionamento
pode ser respondido através de dois fortes argumentos: o primeiro, é que
historicamente a seleção holandesa sempre foi dividida entre atletas nativos e
jogadores oriundos de sua colônia, o Suriname. Jogadores negros e que nunca
eram bem aceitos pelos seus colegas. Entre esses jogadores estão os nomes
famosos de Davids e Seedorf, que fizeram uma bela carreira internacional. A guerra
étnica sempre foi um obstáculo para os bons resultados. Esse fato ficou muito
claro nas edições de 96 e 2000 da Eurocopa, aonde a equipe chegou com enorme
favoritismo, mas acabou eliminada, devido a esses problemas de racismo. Entre os
grandes nomes desse período estavam Bergkamp, Davids, Cocu, Frank e Ronald de
Boer, Stam, Van Der Sar, Zenden, Overmars, entre outros. Time fantástico, mas
que colecionou infortúnios.
O segundo
motivo é o egocentrismo de seus jogadores, a briga de egos entre os astros do
plantel. Um que não suporta o sucesso do outro, o outro que não aguenta um
destaque a mais para o seu companheiro. No atual elenco, o Robben não fala com
o Sneijder, que por sua vez, não gosta do Van Persie, que não morre de amores
pelo Van der Vaart, ou seja, o vestiário holandês deve ser um inferno. É fato
que existiram times campeões onde os jogadores simplesmente se odiavam, porém,
isso tem que ser encarado como uma simples exceção. A regra é o fracasso.
É
realmente uma pena que uma grande escola do futebol mundial, capaz de gerar uma
verdadeira ode a esse esporte, com a mítica Laranja Mecânica, comandada por Rinus Michels e Johan Cruiff, não consiga mais do
que boas campanhas nos torneios que disputa. E todo esse insucesso, por causa
de uma mentalidade retrograda de seus atletas, que são incapazes de entender a
própria Filosofia de vida de seu povo: a liberdade em todos os sentidos. Seleção
do preconceito, país da liberdade, interessante contradição. Essa é a Holanda!
Nenhum comentário:
Postar um comentário