Nesta quarta feira (20), a melhor defesa da Libertadores fez a sua parte e garantiu os comandados de Tite na decisão do torneio. Com uma ótima atuação do seu setor mais forte, a defesa, o Corinthians negou espaços ao Santos de Neymar, empatou em 1 a 1 e vai, pela primeira na sua história, decidir o tão sonhado troféu continental.
Competência, nenhuma outra palavra poderia caracterizar melhor o que vem sendo o trabalho de Tite a frente do time mais popular do estado de São Paulo. Devido ao seu vocabulário inventivo e jeito peculiar, esse treinador sempre sofreu uma certa rejeição por parte dos torcedores e alguns veículos de imprensa. No entanto, com raras exceções, por onde ele passou deixou bons e grandes trabalhos.
A torcida gaúcha, certamente, lembra de Tite com algum afeto, pois foi por lá que despontou como técnico e obteve suas principais conquistas no futebol. O gremista lembrará do título da Copa do Brasil de 2001, onde ele inovava com uma marcação no campo do adversário e já com uma proposta defensiva interessante. No inter, ergueu a taça da Copa Sul-americana, em 2009. Mas, foi no Caxias, campeão gaúcho de 2000, onde Tite começava a sua trajetória pelos pampas e, posteriormente, em todo o Brasil.
O trabalho de Tite no Corinthians é simplesmente fantástico. Recebeu um time em construção, desacreditado e o transformou em uma referência de futebol coletivo. Inicialmente, teve que suportar as prima-donas Roberto Carlos e Ronaldo. No ano seguinte, sofreu um grande revés: a eliminação da pré-Libertadores, para o glorioso tolima, onde todos deram como certa a sua saída. Porém, com muita habilidade e um respaldo atípico de qualquer cartolagem que se preze, continuou seu trabalho e formou o time mais pragmático dos últimos tempos do nosso futebol.
Treinador não vence jogo! Essa é uma das inúmeras verdades incontestáveis do futebol. Contudo, é certo que ele interfere de maneira decisiva na montagem de um time vencedor. Hoje, sem medo de errar, afirmo que o Corinthians é um time com a cara do seu técnico. Time do conjunto, pressionando a marcação na saída de bola do adversário e onde todos se doam em prol de um único objetivo. Um sistema defensivo quase impenetrável, em que os 11 jogadores fazem parte dele. Isso é futebol moderno!
São Danilo. Esse é o nome do novo santo de devoção da fiel torcida corintiana. Jogador que, inicialmente, provoca o ódio e as vaias do torcedor, devido a sua famosa lentidão. Lento, simplório, mas com um valor tático exemplar
Danilo é daqueles jogadores que tem a regularidade sempre a seu favor. Nunca oscila, nunca tira uma nota abaixo de 6 e sempre faz o feijão com arroz com maestria. Diria que a repulsa a esse jogador é só até o momento em que a estrela dele brilhe mais intensamente e faça o gol decisivo da classificação de algum torneio importante. São paulinos e corintianos já foram contemplados pelos seus gols marcantes.
É engraçado como a nossa maniqueísta imprensa, invariavelmente, sempre impõe seus malditos rótulos para alguns personagens e outros não. Por que o Danilo é lento e o Ganso é elegante? Por que o Tite é retranqueiro, mas Muricy, Luxemburgo e Felipão são geniais? É óbvio que a resposta para esses questionamentos advêm da falta de marketing dos corintianos. Como seria interessante se o futebol privilegiasse somente o que interessa de fato, a simplicidade e o trabalho. É uma pena que isso não passa de um devaneio.
Por Otavio Camilo
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