segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O homem mais rápido do mundo


             O domingo londrino mostrou ao planeta que os desafios sobre o limite humano ainda dependem de um corpo de 25 anos, 1,96 e 93kg de um jamaicano quase sobrenatural. Usain Bolt voltou a assombrar e conquistou mais uma medalha de ouro nos jogos olímpicos, a segunda em seu currículo. Mesmo sem bater o recorde mundial, ele foi o vencedor da prova de 100m, superando seu compatriota, Yohan Blake e o americano Justin Gatlin.
              Um vencedor é moldado na fornalha da vida. Indivíduo que percorre pelas mais variadas adversidades, mas consegue superá-las com a nobreza de suas atitudes. Um verdadeiro campeão é feito de triunfos, mas principalmente de coragem. Descrever alguém que possui tais virtudes não se constitui na mais árdua das tarefas, o complicado, entretanto, seria analisar a vida do menino que o antecedeu. Convido-os a confabularmos brevemente sobre a vida de um garoto que, posteriormente, viria a se tornar o maior corredor da história. Vamos conjecturar um pouco...
Assim como outros desafortunados do destino, Bolt teve uma infância marcada por lutas e atribulações. Dividiu com seus pares o pão da alegria e da penúria. Por vezes, a felicidade derramava de seus olhos travessos. Era portador de uma conformidade filosófica; a miséria havia lhe calejado o espírito. O abismo que separa as esperanças da desilusão é enorme, aquele jovem intrépido, porém, não se resignou aos golpes da fortuna. Sobrepujou as fadigas e as intempéries da sorte e foi em busca das glórias. E assim o fez!                                                                                                                                                                                 O garoto lépido transformou-se em um atleta compenetrado, e agora sua sina é a do sucesso.
100, 200 metros... As distâncias em nada significam! São encurtadas aos passos largos de um gigante. Os adversários, pobres e desventurados, nem sequer chegam a serem obstáculos, são imperceptíveis; meros mortais perante um Deus.

             Bolt faz da pista de Atletismo o seu Olimpo. Corre, segue sua trajetória, alcança a vitória. A linha de chegada é apenas mais uma fronteira a ser superada por aquele menino que ousou desafiar o destino.

Seu semblante contrasta com sua magnificência. As opressões do passado não lhe molestaram os olhos, pelo contrário, eles são vivos e resolutos; mostram até uma certa altivez. Olhar que transmite uma vivacidade pueril. Seus gracejos e meneios são desmentidos com a veemência de suas conquistas. Doce contradição da alma de um menino que luta contra os atos de um atleta colossal.
Poderíamos compará-lo com um animal selvagem, que mostra suas garras frente a sua presa. É feroz e ágil como uma Pantera; rápido e astuto tal qual o seu parente mais próximo da natureza, o Guepardo. E por fim, tem a imponência e majestade do Leão. É o rei das planícies vermelhas. O esporte, assim como o reino animal, também conserva suas regras: o mais forte prevalece sobre o mais fraco. Diante dessas singularidades, diria que estamos diante do mais eficaz dos predadores.

Ah Bolt, és como o tempo! Acelerado e ininterrupto. Corta o vento, rompe o espaço. Veloz como a força avassaladora de um tufão, ou como a brandura de um pensamento. Célere, como o fenômeno que é traduzido em seu nome.

Esportista concentrado, moleque traquina, artista solitário. Homem multifacetado, mas genial em todas elas. Assim como o raio não pode cair duas vezes no mesmo lugar, jamais surgirá outro Usain Bolt. Aplausos para o homem mais rápido do mundo.

POR: Otávio Camilo

Um comentário:

  1. Parabéns, simplesmente, um dos melhores textos do JE.

    'Rodolfo.

    ResponderExcluir