O
domingo londrino mostrou ao planeta que os desafios sobre o limite humano ainda
dependem de um corpo de 25 anos, 1,96 e 93kg de um jamaicano quase
sobrenatural. Usain Bolt voltou a assombrar e conquistou mais uma medalha de
ouro nos jogos olímpicos, a segunda em seu currículo. Mesmo sem bater o recorde
mundial, ele foi o vencedor da prova de 100m, superando seu compatriota, Yohan
Blake e o americano Justin Gatlin.
Um vencedor é moldado na fornalha
da vida. Indivíduo que percorre pelas mais variadas adversidades, mas consegue superá-las
com a nobreza de suas atitudes. Um verdadeiro campeão é feito de triunfos, mas principalmente
de coragem. Descrever alguém que possui tais virtudes não se constitui na mais árdua
das tarefas, o complicado, entretanto, seria analisar a vida do menino que o
antecedeu. Convido-os a confabularmos brevemente sobre a vida de um garoto que,
posteriormente, viria a se tornar o maior corredor da história. Vamos conjecturar
um pouco...
Assim
como outros desafortunados do destino, Bolt teve uma infância marcada por lutas
e atribulações. Dividiu com seus pares o pão da alegria e da penúria. Por vezes,
a felicidade derramava de seus olhos travessos. Era portador de uma
conformidade filosófica; a miséria havia lhe calejado o espírito. O abismo que
separa as esperanças da desilusão é enorme, aquele jovem intrépido, porém, não se
resignou aos golpes da fortuna. Sobrepujou as fadigas e as intempéries da sorte
e foi em busca das glórias. E assim o fez! O
garoto lépido transformou-se em um atleta compenetrado, e agora sua sina é a do
sucesso.
100,
200 metros... As distâncias em nada significam! São encurtadas aos passos
largos de um gigante. Os adversários, pobres e desventurados, nem sequer chegam
a serem obstáculos, são imperceptíveis; meros mortais perante um Deus.
Bolt faz da pista de Atletismo o seu Olimpo. Corre, segue sua trajetória, alcança a vitória. A linha de chegada é apenas mais uma fronteira a ser superada por aquele menino que ousou desafiar o destino.
Seu
semblante contrasta com sua magnificência. As opressões do passado não lhe
molestaram os olhos, pelo contrário, eles são vivos e resolutos; mostram até
uma certa altivez. Olhar que transmite uma vivacidade pueril. Seus gracejos e
meneios são desmentidos com a veemência de suas conquistas. Doce contradição da
alma de um menino que luta contra os atos de um atleta colossal.
Poderíamos
compará-lo com um animal selvagem, que mostra suas garras frente a sua presa. É
feroz e ágil como uma Pantera; rápido e astuto tal qual o seu parente mais próximo
da natureza, o Guepardo. E por fim, tem a imponência e majestade do Leão. É o
rei das planícies vermelhas. O esporte, assim como o reino animal, também conserva
suas regras: o mais forte prevalece sobre o mais fraco. Diante dessas
singularidades, diria que estamos diante do mais eficaz dos predadores.
Ah
Bolt, és como o tempo! Acelerado e ininterrupto. Corta o vento, rompe o espaço.
Veloz como a força avassaladora de um tufão, ou como a brandura de um
pensamento. Célere, como o fenômeno que é traduzido em seu nome.
Esportista
concentrado, moleque traquina, artista solitário. Homem multifacetado, mas
genial em todas elas. Assim como o raio não pode cair duas vezes no mesmo
lugar, jamais surgirá outro Usain Bolt. Aplausos para o homem mais rápido do
mundo.
POR: Otávio Camilo
Parabéns, simplesmente, um dos melhores textos do JE.
ResponderExcluir'Rodolfo.