terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Campeões mundiais e guerreiros samurais


             Após cinco anos de supremacia europeia, o troféu do Mundial de Clubes é novamente brasileiro. O bilionário Chelsea não foi páreo para o Corinthians e seus milhares de torcedores que viajaram do Brasil ao Japão para transformar a terra nipônica na casa alvinegra, empurrando o time paulista ao segundo título desse torneio. Tentarei contar um pouco dessa saga...


            Mais de cem anos durou a sua busca; os rivais escarneciam com o seu desespero e ininterruptos fracassos. Você mesmo insistia em questionar se estaria condenado a esse papel paciente e sofredor que o revoltava. Enfim o pesar terminou. Nessa mesma alvorada, os gaviões cantavam aos milhares. Vede a mais bonita das poesias...

Um clube de futebol e seus entusiasmados aficionados; um bando de loucos, como eles próprios se definiram. Percorreram um imenso caminho; tiveram que atravessar o oceano para finalmente entenderem a sua verdadeira essência. Espalharam o seus versos e hinos. Exprimiam risos e lágrimas. Foram soberanos nas arquibancadas e envolveram a todos em um turbilhão de sensações. Vibraram, encantaram, choraram... Marcharam pelo terreno obscuro da melancolia até chegarem ao alívio. A angústia converteu-se em satisfação. Não é necessário tanto para te dedicarem louvores; basta lerem o seu nome nas estrelas. Não precisam de gols ou vitórias, se satisfazem ao trazer-te para perto. O amor incondicional que te oferecem advém do seu singular escudo e cores triunfantes. A fidelidade agora possuirá outro sinônimo. Uma nação chamada Corinthians.

                A partir dos desígnios de tal sentimento, a cultura milenar de um povo se confraternizou com a alma dessa legião revestida de preto e branco. Uma guerra campal entre a coragem e a empáfia se estabelecia. De um lado, soldados qualificados, mais bem equipados, preparados e oriundos de uma pátria de colonizadores. Exalavam a presunção e acreditavam que venceriam a batalha sem o mínimo de esforço, através de atos e jogadas frívolas. No outro flanco, agrupavam-se intrépidos combatentes; incitados pelo brado exaltado de seus súditos e pelos códigos de honra que obedecem, 11 valorosos samurais foram escolhidos e uniram-se em torno de um ideal: conquistar o mundo. Correram magnificamente por uma extensa trilha verdejante, não dispunham de cavalos ou espadas, e a suas armaduras eram escondidas pelos uniformes e dentro dos seus invulneráveis corações. A força se supera e o medo despedaça. No clamor, nos apertos da luta... Eleva-se a bravura. Temíveis samurais, carregando em seus braços a poesia e a taça tão almejada. Dos seus olhos escorria o regozijo e resplandecia a imortalidade. Seria impossível a soberba derrotar a valentia; fez-se a obviedade. Vamos ao pragmatismo...

               Como tradicional torcedor que sou, abandonei o meu ofício e passei a analisar essa decisão com os olhos da parcialidade. Confesso que nao torci pelo Corinthians, mas também não consegui mover um dedo sequer para me motivar com esse arrogante time inglês. O timão foi até o país do sol nascente para jogar a partida da vida, e o Chelsea foi para disputar três pontos contra o Norwich, Sunderland, West Ham... Essas minúsculas agremiações que ele enfrenta em seu campeonato nacional. A equipe brasileira se comportou como gigante que é; disputou cada bola como se fosse à última, pelejou durante os 90 minutos pela vitória e no final foi recompensado. O gol de um jogador chamado Guerreiro não poderia deixar mais claro qual foi o espírito do time nesse jogo. O clube da terra da rainha jamais foi grande em sua história; tornou-se poderoso através dos investimentos de um megalomaníaco russo, e beneficiou-se pelo fato da Inglaterra ser o paraíso dos facínoras de plantão. Por alguma espécie de ideologia, nunca dedicaria meu apoio a um time patrocinado pelo dinheiro sujo do senhor Abramovich. Fico feliz, pois esse título representa um tapa na cara dos catedráticos do esporte bretão, aqueles mesmos que sempre apontam os europeus como vitoriosos de véspera. Às vezes odeio o futebol, e por diversas situações ele me fascina. Hoje ele me encantou. Cássio, Alessandro, Chicão, Paulo André, Fábio Santos, Ralf, Paulinho, Danilo, Jorge Henrique, Emerson, Guerreiro, Tite e todos os fiéis torcedores que os acompanharam. Eis os campões mundiais e verdadeiros guerreiros samurais. 

POR: Otávio Camilo 

3 comentários:

  1. Legal Otávio, parabéns pelo texto, mas agora vamos fazer um sobre o título do glorioso São Paulo.

    Anônino não

    Ass. Jadson Sillas

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  2. Belo texto Otavio...Acho que foi um jogo morno, um jogo de defesa, com poucas oportunidades de gol e de criação de jogadas. Acho que o Corinthians conseguiu jogar ligeiramente mais que o Chelsea, com mais domínio do jogo. Destaque para Danilo, que joga muito fácil, do guerreiro, que tem uma característica que está se acabando e que nunca mais tinha visto que é o domínio e proteção da bola, e o goleiro Cassio que teve seu dia iluminado. Abraço Otavio.

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  3. Eu não acreditava que o "Coringão" fosse tão longe, mas acabou surpreendendo o Brasil e o mundo. A nação corinthiana merece realmente nossos aplausos!

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