O Adeus ao Doutor da Bola

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              Hoje (04) de dezembro de 2011, todo o futebol brasileiro amanheceu de luto, ás quatro e meia da madrugada, no hospital Albert Einstein em São Paulo, morreu Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, ou simplesmente doutor Sócrates, como era mais conhecido por todos os que gostavam do futebol e da simpatia dessa bela figura humana.

             Sócrates foi um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro e mundial, tendo sido ídolo de um dos clubes mais populares do país, o Corinthians. Pelo clube do parque São Jorge, Sócrates encantou e fez vibrar a tão exigente e fervorosa fiel torcida corintiana, com suas jogadas geniais e sua incomparável classe para jogar futebol. Porém jamais me atreveria a dizer que Sócrates foi ídolo de apenas um clube, ele é um daqueles casos raros de atletas que transcendem o simples amor clubístico, ele era amado por todos, reverenciado por todos aqueles que tiveram a oportunidade de apreciar a classe e elegância que o doutor desfilava nos gramados pelo Brasil.

           Com a camisa do Brasil, Sócrates fez parte daquela fantástica seleção de 1982, conhecida até hoje por todos os que militam e gostam de futebol, como a melhor seleção brasileira de todos os tempos, melhor até do que a lendária seleção de 1970. Infelizmente, por uma fatalidade do destino, Sócrates e toda aquela geração maravilhosa dirigida pelo mestre Tele Santana, não se sagraram campeões mundiais daquele ano ao perder para a Itália de Paulo Rossi no lendário e com tristes recordações para os brasileiros, o estádio Sarriá, em Barcelona, na Espanha. Talvez essa tenha sido a mais dolorosa derrota da seleção brasileira em toda a sua história ao lado do maracanaço.

              O Sócrates não era conhecido simplesmente pelo seu talento como jogador, ele era muito mais do que isso. O doutor destoava da grande maioria dos boleiros de sua época, por ter uma postura séria, por ser mais combativo diante dos cartolas e das injustiças do futebol, por não dar declarações “pasteurizadas” e por ser reconhecidamente um jogador muito mais politizado do que os seus colegas de profissão. Foi por essa postura que Sócrates protagonizou dois momentos marcantes e gloriosos na história do futebol e também do país, a democracia corintiana e as diretas já.

              Liderada por Sócrates, a democracia corintiana foi um movimento que surgiu para dar voz aos jogadores. Foi um período da história do clube onde as decisões importantes, tais como contratações, regras da concentração, entre outros, eram decididas pelo voto dos jogadores, ou seja, pela democracia. Esse momento foi marcante para a história do clube, já que o próprio país naquele momento não vivia sob um regime democrático e sim por uma ditadura. Foi influenciado por esse movimento que o Sócrates aderiu a campanha das diretas já, que reinvidicavam exatamente isso, eleiçoes presidenciais diretas no Brasil.

              Quis o destino que Sócrates morresse em um dia que talvez seja de grande alegria e glória para o Corinthians, clube que ele tanto amou. O dia que começou tão triste para nós brasileiros e especialmente para os fiéis corinthianos, pode ser também de enorme alegria para essa mesma apaixonada torcida, pelo fato do time estar muito perto de mais um título de campeão brasileiro.  De certa forma, talvez o destino tenha se mostrado generoso, se existe um dia bom para a morte de um ídolo, que seja hoje, o dia em que todos aqueles que o aclamaram e o idolatraram estejam num momento de imensa alegria e possam não com tristeza, mas com a alegria do título conquistado, homenagear esse grande nome do futebol mundial, o grande e eterno Sócrates. Adeus doutor, a fiel torcida  jamais esquecerá de você.

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Por: Otávio Camilo


Edição: Vanessa Cabral