sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A morte do Futebol feminino!


                 Atual campeão mundial, o Japão confirmou o favoritismo e venceu o Brasil por 2 a 0, nesta sexta-feira (3), em Cardiff, pelas quartas de final da Olimpíada. Foi a primeira vez que as brasileiras não chegaram ao menos às semifinais dos Jogos. A decepção ficou por conta da atuação da nossa principal jogadora, Marta, que se limitou em ser uma mera coadjuvante na competição.
                 Pouco se aprende com a vitória, mas muito com a derrota. Se essa frase é verdade, então nossas jogadoras já podem se considerar catedráticas na arte do insucesso.
                 Há derrotas que matam, outras que despertam. Frase coberta de uma hipocrisia singela, e que certamente foi criada por algum poeta que sucumbiu a desgraça. Contudo, esse ditado não deverá servir para algumas abnegadas dos gramados, ou talvez sirva, veremos no final da abordagem. Fiascos ainda irão se suceder e jamais entenderemos um problema tão óbvio. Primeiro vamos ao questionamento: por que a seleção feminina sempre falha?

                A pergunta é tão banal quanto às explicações. Falta de apoio, cartolas descompromissados, comissão técnica incompetente, inexistência de preparação adequada... E por ai vai. Argumentos plausíveis, não revelam, porém, a chave desse enigma. Diagnosticamos os sintomas, mas a doença não tem cura, pois ela está fincada no recôndito da alma masculina.
                 A seleção feminina eliminada... E daí? Quem se importa com mulheres correndo atrás de uma bola? Mulher nem deveria jogar Futebol, já que somos os detentores absolutos desse esporte. O mais ríspido irá dizer: o lugar delas é na cozinha! Sim, meus amigos, exercitamos o nosso machismo no momento em que abrimos os olhos, até fecharmos. Preconceito velado, é verdade, mas ele existe. Não ousaremos negar algo que nos é intrínseco.
                 O próprio jornalista que vos fala, também permite reverberar um pouco dessa prática tão antiga. Ao término da partida, passei a travar uma luta tenaz contra os meus pensamentos. Não queria me entregar a um sentimento tão tolo. Que batalha cruel! Quem somos nós para nos desassociarmos da nossa natureza? Ao final dessa guerra do homem com a mente, fui vencido pelo óbvio e bradei: eu odeio Futebol feminino! A sandice se sobrepôs a razão.
NADA COMO A POESIA PARA ACALENTAR OS DESAFORTUNADOS.
                 Pobres mulheres do nosso esporte bretão! Carregam consigo uma carcoma em suas existências. Foram condenadas eternamente a uma sina de decepções. Vitimadas pelo flagelo dos homens e tolhidas pela austeridade do destino. No vestiário, punidas com a desonra e maldizendo a vida, de certo se perguntaram por que essa força arbitrária é sempre tão cruel.
                 Entraram em campo sob a sombra da desconfiança. Traziam nos rostos expressões trágicas e cômicas. Mulheres que vivem na fronteira entre a ambição e o desanimo. Sentimento de almas delicadas. Os olhos vivos e resolutos ficaram murchos. O sorriso fez-se choro e o soluço estrangulava a voz.
                 Como é triste morrer em vida. Morte atroz, lenta, dolorosa e minuciosa. Hoje, fomos testemunhas fiéis de um fim mais do que definitivo. Assistimos o falecimento de um moribundo, se é que um dia ele viveu de verdade. Me debrucei com um rir filosófico e lamentei pelo último suspiro de uma alma expirante. A indignação agora é resignação. O Futebol feminino morreu!

3 comentários:

  1. Só destacando o final da Frase. "O Futebol Feminino Morreu".
    Na minha opinião o futebol feminino no Brasil ainda nem nasceu...
    Não se vê, a metade da metade, do investimento que se vê em futebol masculino.

    E quando acontece uma olimpiada, levamos as únicas mulheres que não desitiram do futebol,
    E talvez algo nos faça acreditar, que só pelo motivo de termos a Melhor jogadora do mundo, iremos ganhar tudo

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  2. O futebol masculino também nunca ganhou medalha de ouro nas olimpiadas.

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  3. Concordo com os 2 comentários...Acho que ainda existe um pouco de preconceito nesse esporte e não precisamos ir longe, é só olhar em nossa cidade.

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