Imbatível durante sete anos na
Volta da França, o americano Lance Armstrong, que chegou a ser considerado uma
lenda do ciclismo, teve
sua imagem manchada para sempre por ter montado um sofisticado esquema de
doping, e perdeu oficialmente, nesta semana, os títulos alcançados de 1999 a
2005. Essa decisão pode acabar de vez com o mito do atleta que para muitos representa
um exemplo de superação por voltar a competir em alto nível depois de um câncer
em 1996.
O
ser humano e o seu pérfido desígnio. Saciamos os nossos sentidos inebriando a
dura realidade através de um sonho, de uma miragem. As inúmeras tragédias e misérias
da nossa alma são reveladas mediante a naturalidade sórdida de um ato: a
mentira. Vede um princípio mais velho do que a morte e perpétuo como o
firmamento. Até mesmo os primeiros homens que vagaram por esse mundo foram
aturdidos pelo desejo indigno de tal prática. A mais edificante e doce das
palavras quando se é proferida; mas, ao ser descoberta, poderá converter-se na
mais cruel das calamidades. Pois bem, caros leitores, a distância que separa a
fantasia da veracidade é medida por meio da singeleza de um pensamento. O real
transformou-se em ludíbrio através de pés prodigiosos que estavam sobre os pedais
de uma mera bicicleta. Eis o mais vil dos atletas...
Como
és bela, Paris... Pudera haver outras como tu. Os dias ensolarados e camuflados
acompanham o teu romantismo. Tudo é airoso, magnificente e aprazível aos olhos
que buscam a autenticidade. Todavia, os sentimentos dos seus apreciadores foram traídos por uma farsa. O tradicionalismo
do seu grande laço foi vilipendiado por um daqueles monumentos eternizados pelo
orgulho. A Torre Eiffel e o Arco do Triunfo foram fiéis testemunhas da
deslealdade do mais portentoso dos seres. Armstrong, maldito seja o teu nome!
As
tendências do espírito e os cálculos da vida. Assim como o seu homônimo, aquele
que nos revelou a resplandecência inalcançável de uma enganação, ousaste lograr a todos com a sua suposta
engenhosidade. Embaiu por intermédio de uma hipotética perfeição. Tentemos nos
lembrar de um ídolo. Chamaria de devaneio...
Um
príncipe, um rei, um mito... Assim fostes elevado. Inspirado pelo formoso
cenário circundante, e por aquela terra fértil de onde brotam guerreiros que
lutam pelos seus ideais, Lance Armstrong tornou-se o soberano daquelas
montanhas suntuosas. Possuía milhares de súditos; embevecidos ficavam ao
contemplar o esforço sobre-humano de um homem que superou as máculas que o
destino lhe impôs. Entretanto, a vitória seria para ele o máximo dos infortúnios.
Como
você foi digno de admiração, Lance Armstrong. Só era necessário pedalar para
que causasse tamanha comoção entre as pessoas. Sorria de alegria na mais
escarpada das subidas e mais a mercê dos ventos. Cortava o tempo, rompia os
limites tempestuosos. Sentado na sua sela, sentia a brisa fagueira e descrevia
esmeradamente o seu congraçamento com a natureza. Sem o louvor dos vassalos, as
ruas já não estarão tão calorosas; e, talvez, os campos da cidade luz tenham
perdido um pouco do verde de outrora. Todas as esperanças e ilusões sumiram ao
descerem por um declive de floridas conjecturas. Aquele poeta montado em uma
máquina de duas rodas já não existe mais.
Lance
Armstrong repetiu uma mentira sete vezes e ela transformou-se na mais irrefutável
das verdades. Ocultou a sua face de maneira desprezível. O empenho, as
conquistas, as glórias... Para ele foram dedicadas todas as honrarias de um
esporte, mas que irão se esboroar tal qual um castelo de cartas desaba perante
uma forte ventania. Serão apagadas ao caírem naquele enorme abismo que leva à ilusão.
Será um novo Bem Johnson, provavelmente. O ostracismo te espera.
POR: Otávio Camilo
Ele não foi o pioneiro, não foi o único nem será o último, se tivesse parado antes de ser pego teria sido imortalizado como muitos outros ídolos. Assim como ele, muitos o seguem e fazem o mesmo com a esperança de nunca serem pegos. Essa prática existe em quase todos os esportes, já vem de muitas décadas, o esporte está cada vez mais mecânico, robótico. A pressão por parte dos patrocinadores fica cada vez maior, forçam alguns atletas a cometerem esse erro que, por muitas vezes fica a menção de que "o crime compensa", nesse caso, o sucesso e o fracasso andam de mãos dadas na vida de cada atleta.
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